domingo, 17 de outubro de 2010

Verde que te quero não só verde, mas amarelo, vermelho, azul e branco

Queridos leitores:

Fiquei sem escrever por uns dias por conta da participação na III ALED-Regional, em Recife, em homenagem a Luiz Antonio Marcurschi, nosso querido mestre. Tive a honra de participar de uma mesa com Ingedore Koch e Neyla Pardo. O tema era sobre as relações entre texto e sociedade. Nunca imaginaria que nossa mesa pudesse contribuir de forma tão efetiva para o momento histórico que estamos vivendo no Brasil. Há exatamente 09 anos atrás, vivemos uma situação parecida, mas a esperança venceu o medo, o Brasil cresceu e tornou-se literalmente o país do futuro. Com Lula Presidente do Brasil.

Hoje, estamos todos nós, aqueles que participaram de nossa mesa-redonda e que nos aplaudiram ao final por defendermos uma educação e uma mídia de qualidade neste país, aqueles que estamos atuando na blogosfera e que desvendamos o caso da gráfica de Guarulhos, aqueles que estamos empenhados em produzir e divulgar não apenas informações básicas nesta campanha, por todos os meios eficazes que somos capazes de mobilizar, mas também empenhados em desconstruir preconceitos e atitudes de violência e destruição, aqueles que possuem internalizados os princípios e os valores democráticos e que são profundamente comprometidos com os excluídos e com a ética pressuposta na declaração dos direitos humanos, estamos, todos, esses e muitos, muitos outros, contribuindo enormemente para a reeducação política deste país.

O debate de "alto nível" sobre um projeto de estado não está acontecendo. Mas estamos vendo novamente as forças vivas da sociedade se mobilizando. Mesmo que discordemos de forma muitas vezes veemente, para não dizer violenta (por exemplo, recebi um mail me mandando à merda porque respondi uma mensagem sobre a suposta defesa de Dilma da legalização do aborto com dados sobre os muitos indícios de corrupção do governo do PSDB em São Paulo), é importante que estas forças se manifestem e, como disse o Cazuza, "mostrem a sua cara".  

Nem sempre a cara dessas forças é bonita. Ela é feia, muito feia mesmo, tal como aquelas que vimos vicejar e crescer na época da segunda guerra mundial, da guerra do Vietnã e na época da guerra contra o Iraque, empreendida pelo governo Bush, o mesmo governo que reforçou e aprofundou o fundamentalismo religioso nas escolas americanas. E nas tantas outras e contemporâneas épocas de brutalidade e repressão

Não sei se posso dizer que há alguma ilusão em relação ao ressurgimento mais explícito dessas forças no Brasil. Elas estavam apenas domesticadas, contidas pela enorme capacidade de articulação e de conciliação do governo Lula.

Mas a defesa da democracia e do estado laico para mim não é uma ilusão. É uma luta na qual cada um de nós deve se empenhar fortemente nesse momento. É uma luta pela qual muitos morrreram e pela qual Dilma foi barbaramente torturada.

Por isso, nesse momento, a luta deve se concentrar na nossa capacidade de responder com calma e com precisão aos ataques a estas duas instituições fundamentais para a sociedade brasileira. Esta nossa sociedade que já sofreu tanto nas mãos de ditadores e de governos vendidos aos interesses imperalistas internacionais

Por isso, nesse momento, a independência me parece um equívoco porque ela não é uma neutralidade, mas um posicionamento que, na verdade, deixa ao Deus dará aqueles que tanto acreditaram em uma proposta que parecia querer reinventar a roda. Isso não se faz a não ser processualmente e por meio de escolhas muito específicas. A capacidade de escolher não é apenas do povo, mas também, e principalmente, de suas lideranças, daqueles que dizem defender "o interesse público". Mas a história julgará e mostrará o papel de cada um de nós nesse processo.

Eu me orgulho do meu posicionamento. Espero que a maioria dos brasileiros possa se orgulhar do seu.

 

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